Altos e baixos

em 8 de janeiro de 2011

Isso é normal, todo mundo tem seus altos e baixos”. Essa é a frase que eu mais ouço quando digo que estou passando por um período difícil. Fato é que eu não lembro de me sentir assim antes do acidente, antes da lesão medular. Quando eu digo “me sentir assim”, me refiro ao simples fato de estar insatisfeito, cansado de conviver com o meu corpo nessas circunstâncias, da minha qualidade de vida (que não é grande coisa). É mais que compreensível.
Não passo a vida reclamando, as coisas são como são e eu tenho que lidar com a situação como ela se apresenta. Minha vida segue normalmente, eu sigo estudando, trabalhando, saindo com os amigos, tomando cerveja (bastante ultimamente)... mas chega um momento que cansa. Remédios, cateterismo, coletor urinário, espasticidade, infecção urinária, dor nas costas, nos ombros, no pescoço, fisioterapia, cadeira de rodas. Puta que pariu!
Já fiz terapia por um tempo, conversava bastante sobre isso, chegava ao ponto de me tornar muito repetitivo. A terapia não faz milagres, ela tem limites mas me ajudou bastante. Lá eu cheguei à conclusão que reclamar, botar as angústias pra fora e desabafar ajudam, mas não resolvem o problema. Depois de pouco mais de um ano de terapias semanais eu cheguei a uma conclusão: “Agora você precisa aprender a lidar com isso, conviver com suas frustrações e seguir em frente assim mesmo”. E é isso que eu faço, mas como eu disse, chega uma hora que cansa.
De vez em quando tudo parece estar indo bem, eu fico super tranquilo, focado e parece que a lesão medular nem tem um impacto tão grande assim na minha vida. Mas de repente... bum! O tempo vira. Às vezes sem nenhuma razão aparente, outras vezes acontece alguma merda que me joga pra baixo. Pode ser um machucado que eu não percebi (por causa da diminuição na minha sensibilidade), um fato que me colocou em situação de dependência de outra pessoa, uma infecção urinária, etc.
Essa oscilação de humor acontece comigo e parece ser mais uma coisa com a qual eu tenho de aprender a conviver. Eu fico um pouco mal-humorado e sem muita disposição pra fazer as coisas, mas não é o fim do mundo. Não demora muito e é preciso sacudir a poeira pra seguir em frente do jeito que dá. Aí é só voltar a sair com os amigos, encher a cara, fazer alguma merda (ou rir das merdas que os outros fazem). E tudo fica bem de novo.

15 comentários:

  1. Mto legal o texto ninho...

    Mas aproveitando o gancho qnd vc fala que tem bebido mto atualmente... temos que marcar um churrasco ou então um pizza ai...

    abraço

    ResponderExcluir
  2. sei bem o que é isso e eu não tenho muito das coisas que vc sitou, mas se vc se cala, como as pessoas vão lhe ajudar, se vc fala e muda e humor, passa a ser rebelde sem motivos, pois tem apoio de quem lhe pedir. Mas uma coisa é fato: qdo um pássaro livre fica preso em uma gaiola o seu canto alegre e saltitante, se torna triste e melancolico. eu era um pássaro livre, hj estou presa em uma gaiola imaginária, bem vindo ao mundo de bob. bjs meu lindo, continue lutando por mais liberdade de expressão e sociabilidade, nunca e jamais desista, pq és um exemplo para muitos dentro do seu ciclo e fora dele, se cuida.

    ResponderExcluir
  3. É Lucas, temos q combinar mesmo. Mas não precisa necessariamente ser aqui, podemos marcar em qualquer lugar.

    É isso aí Patrícia, sempre lutando e seguindo em frente.

    ResponderExcluir
  4. Ninho meu querido se escrever é sua maneira de botar pra fora mágoas, dores e ressentimentos, faça sempre isso pois com certeza, vc vai superando cada dia mais e ajudando a outras tantas pessoas que não sabe como fazer.
    Vc é um vencedor e um orgulho p/ mim ser sua tia do coração.
    Te amo!!!

    ResponderExcluir
  5. Tia, escrever no blog é também um jeito de botar pra fora, mas a intenção mesmo é dividir. Pq outras pessoas também podem se sentir dessa maneira, não é? E todo mundo tem que lidar com seus problemas, então vamo em frente. Tb te amo tia! Bjos

    ResponderExcluir
  6. Cara, que texto corajoso, intenso. Acho que foi o meu favorito aqui do blog... A tristeza de um "malacabado" tem um sentido claro, às vezes.... a de querer projetar a vida no "e se fosse diferente". Mas o lance é: não é diferente... é essa a nossa realidade e é nela que a gente vai construindo nossa felicidade, que é factível, que é possível, que pode ser completa. Tamujunto, brohter... grande abraço

    ResponderExcluir
  7. Ronald!
    Só posso dizer que essa angústia tá no pacote:Lesão medular.
    O Milton tem dias que se sente exatamente como você escreveu, parece que foi ele que escreveu.Aí vem o anjinho sopra e ele melhora.
    A mim, resta torcer pela cura, esperar pelo bom humor e segurar a onda junto, pq se um cai o outro tem que levantar senão fodeu.
    Beijos
    Levanta, sacode a poeira e vamo que vamo.
    www.zerohora.com./sembarreiras

    ResponderExcluir
  8. Valeu Jairo, foi isso mesmo que eu quis dizer com esse texto. A situação pode não ser a ideal, mas essa é a realidade, então temos que conviver e fazer dela a melhor possível. Abraaaço

    Tânia, é isso mesmo. Esse sentimento faz parte do kit tragédia e a gente tem que aprender a conviver com ele. Só nos resta passar por cima, sacudir a poeira e seguir em frente. Beijos

    ResponderExcluir
  9. Gostei deste post...é infelizmente a vida é assim, nossos dias sao assim..alguns maravilhosos, outros nem tanto e outros detestaveis...dias estamos felizes e outros muito infelizes..mas a esperança é q temos um outro dia( na maioria das vezes!!) e este pode ser bem melhor do q o q ja sefoi..então bola pra frente q um novo dia chegará!!beijos t cuida guri

    ResponderExcluir
  10. Valeu Rebeca! Bola pra frente e vamo que vamo!

    ResponderExcluir
  11. Oi Ronald.
    Conhecí seu blog hoje e me identifiquei muito com esse post.
    Concordo com oque a Tania disse :faz parte do Kit, o dificil é se acostumar com isso...
    Te desejo muita força.

    ResponderExcluir
  12. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  13. Cajueiro,
    É isso ai meu brother, siga lutando. Esses momentos de desânimo, eu tive nos meus 6 meses nessa situação. Imagino, ou não imagino, vc nesses 4 anos e meio na luta. Estaremos sempre aqui braw.

    ResponderExcluir
  14. Valeu menino Latorre. Vamos em frente!

    ResponderExcluir
  15. mais uma amiga pegajosa vc arranjou viu!! p sacudir a poeira junto com vc! ;)
    bjs
    (andréa s.a.)

    ResponderExcluir



Topo