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Tratamento com estimulação elétrica permite que três pacientes paraplégicos consigam andar.

em 13 de fevereiro de 2022


Um paciente de 42 anos realiza treinamento em um robô de suporte de peso no Hospital Universitário de Lausanne depois de ter recebido um implante de medula espinhal. Foto: NeuroRestore/Jimmy Ravier/Handout / via REUTERS 

Três pacientes paraplégicos foram capazes de caminhar e até realizar outras tarefas complexas, como andar de bicicleta e nadar, após serem submetidos a um procedimento revolucionário. A técnica consiste na implantação de 15 eletrodos que enviam à medula espinhal estímulos elétricos gerados externamente e controlados pelo próprio paciente por meio de um tablet.
Algoritmos de inteligência artificial instruem os eletrodos a emitir sinais para estimular, na sequência adequada, os nervos individuais que controlam os músculos do tronco e das pernas necessários para várias atividades.
Segundo a publicação, os pacientes começaram dar os primeiros passos dentro de uma hora após a implantação do dispositivo. Nos seis meses seguintes, eles foram capazes de se envolver em atividades mais avançadas, como andar de bicicleta e nadar controlando os próprios dispositivos de estimulação nervosa.
"Agora sou capaz de subir e descer as escadas e ter como objetivo, na primavera, poder caminhar um quilômetro", diz Michel Rocatti, um dos três pacientes que se submeteram ao estudo. Observe que, como os músculos estavam fracos por desuso, eles precisaram a princípio de ajuda com o suporte de peso e, posteriormente, foi necessário exercitar a musculatura para recuperar a força a fim de executar as tarefas mais complexas.  Confirmados os resultados, a técnica pode significar um grande avanço na qualidade de vida de pacientes com lesão medular. 

O médico suíço Grégoire Courtine com os três pacientes paraplégicos tratados com a técnica. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2022/02/pacientes-voltam-a-andar-gracas-a-estimulacao-eletrica-da-medula-espinhal.shtml

Vale ressaltar que não se trata de uma cura, ainda não há tratamento existente para permitir que a medula espinhal se regenere, mas os pesquisadores buscaram maneiras de ajudar as pessoas paralisadas a recuperar a mobilidade por meio da tecnologia. Já falei aqui no blog, em um post intitulado "O menor dos meus problemas" que a lesão medular traz uma série de inconvenientes que são invisíveis aos olhos, mas afetam sobremaneira a qualidade de vida das pessoas. 
Outros estudos, estes com células tronco, têm apresentado bons resultados e revelam boas perspectivas para que, num futuro próximo (assim esperamos), a recuperação completa de uma lesão na medula seja realidade. Eu aqui continuo com esperança. E vocês, o que acham dessa notícia?

A revolta de Pedrinho.

em 24 de abril de 2017

Vamos falar de acessibilidade, mas sem chover no molhado.  Durante a semana minha amiga Luciana me marcou nos comentários em um vídeo no perfil do querido Pedrinho. E quem é esse tal de Pedrinho? Pedrinho é o cara, como o próprio perfil no Facebook o apresenta.
O cara é um moleque pra lá de espirituoso, filho de um casal de amigos de quem sou admirador confesso. Mas por que tanta admiração? Bom, porque eles criam o nosso protagonista levando em conta as suas potencialidades e não suas limitações. Pedrinho é criado como uma criança normal, porque é isso que ele é. Sim, ele faz fisioterapia. Sim, ele tem algumas limitações que outras crianças não têm. Sim, ele precisa de uma ajudinha a mais aqui e ali (e quem não precisa?). Mas espere um pouco... Sim, ele também canta. Sim, ele toca. Sim, ele é fã do Rei Roberto Carlos. E ele tem um sorrisão de criança, mas uma lucidez de gente grande.
Lembram daquele vídeo que eu falei no início do post? Pois bem, o cara gravou um vídeo externando sua indignação com a falta de acessibilidade no entorno do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. E esse vídeo fez um barulho...


Em pouco tempo o Einstein se manifestou nas redes sociais reconhecendo a falha e ressaltando a sua preocupação com o assunto. Segue a resposta do hospital:



O mais legal dessa história é tentar enxergar pelos olhos dele o absurdo da situação. A sinceridade, a sensibilidade e a indignação de uma criança que conhece seus direitos e sabe que o respeito às diferenças não é um favor a ser feito pelos outros, mas uma obrigação. O Einstein também está de parabéns pela retratação e pelo reconhecimento do erro. Agora o vídeo de Pedrinho depois da resposta:


Sigam esse carinha aí no Facebook (link aqui) e me digam o que acharam nos comentários aqui embaixo...
É isso aí, beijo nas crianças!

Inclusão?

em 19 de fevereiro de 2013


O que fazer quando o poder público, que deveria trabalhar pela inclusão da pessoa com deficiência, passa a segregar os cidadãos? Vamos aos fatos. No dia 17 de março será realizada a 30ª Corrida Cidade de Aracaju, data em que é comemorada a mudança da capital de Sergipe: de São Cristovão (a 4ª cidade mais antiga do Brasil) para Aracaju. Bom, a corrida tem um contexto simbólico e é o ponto alto das comemorações, já que os atletas fazem o percurso entre as duas cidades, num total de 25 km.
Acontece que o evento, realizado pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer da nossa capital quer impedir a participação de atletas com deficiência na prova. Com o argumento de... qual é o argumento, mesmo? Ah, tá. Não existe... No ano passado, eu e outro atleta, Ulisses Freitas, estávamos inscritos na competição, e já houve então alguma resistência. Nos fizeram assinar um termo de responsabilidade confirmando o nosso interesse em participar da corrida e declarando ciência de que não foram tomadas as medidas necessárias para a nossa participação. No dia anterior eu adoeci e infelizmente não pude participar, mas Ulisses compareceu e adorou ter feito o percurso, disse que foi gratificante.
Enfim, passado um ano e sabendo do interesse dos atletas com deficiência em participarem da prova, nada foi feito. A desculpa da falta de preparo já não cola, até porque a única exigência feita é que a largada destes seja feita antes e de forma separada, para segurança de atletas e paratletas. No mais é comer asfalto. Pessoal, isso vai de encontro a tudo que vem sendo feito no mundo. A presença dos paratletas engrandece o evento e torna a prova mais bonita e atraente aos olhos do público.
Soma-se a isso uma ideia retrógrada de imputar incapacidades às pessoas com deficiência. Nos foi privado o direito de participar da prova, mas, assim como ano passado, será realizada uma corrida paralela com a distância de, pasmem, 3 Km. Desculpem a falta de modéstia, mas sinceramente, não dá nem pra aquecer o braço. Uma cidade que tem um programa de bolsa-atleta, que visa formar atletas (e paratletas) de nível olímpico se prestar a um papelão desses não tem cabimento. 
Tenho feito de 30 a 40 km nos treinos realizados diariamente e não posso participar de uma corrida de 25 km? As corridas de rua e competições de paraciclismo que tenho participado no estado e fora consideram um privilégio ter atletas com deficiência na competição. As etapas da Copa Brasil de Paraciclismo do ano passado eram divididas em dois dias, no primeiro percorre-se 15 km no CRI (Contra-relógio Individual) e no segundo dia a prova de resistência tem, em média, 60 km (isso no caso da categoria que participo na handbike, outras categorias têm distâncias ainda maiores). Mas aqui a coisa é diferente. 
Bem, amigos... Pode isso, Arnaldo?

A regra é clara, preconceito não pode!

Enfim, estamos tentando chegar a uma conclusão. Justificativa não existe, isso é pura segregação. O que só faz aumentar o preconceito e o estigma de que as pessoas com deficiência são incapazes. Não gosto de frases feitas, mas essa traduz bem o espírito desse post:

"Deficiente é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência que é o dono do seu destino".
Nesse contexto quem é o deficiente? Vale a reflexão. Qualquer novidade eu conto por aqui.

Beijo nas crianças.




Remorso

em 16 de novembro de 2012

Ontem eu estava indo jantar na casa do meu tio, dirigia o meu carro e meus dois irmãos estavam comigo. Parei no último semáforo da Av. Francisco Porto, entrando na Av. Beira Mar. Cinquenta metros antes eu, já vendo o sinal aberto, acelerei um pouco pra não perder a oportunidade, mas o carro que ia lá na frente freou antes da faixa de pedestres, achei aquilo muito estranho, mas a pista do lado estava ocupada e não dava pra trocar de faixa: "Mas o que é isso?", perguntei. Meu irmão disse: "Um doido que tá andando no meio da rua". Parei atrás do carro e nesse meio tempo o sinal fechou, na frente pude ver que o "doido" andava com uma muleta com extrema dificuldade, as duas pernas atrofiadas tentavam levá-lo à frente enquanto segurava uma caixa de bombons com a outra mão.
Ele virou na direção do meu carro e, com um gesto de mão, ofereceu um chocolate. A princípio neguei, mas aquilo me tocou profundamente. Procurei algum dinheiro trocado pra ver se podia ajudá-lo, eu sabia que ele não estava fingindo, sabe como é, um aleijado reconhece outro hehehe. Além do mais, ele não estava pedindo nada, vendia alguns bombons pra conseguir dinheiro e fazia isso tentando se deslocar com uma dificuldade absurda. Meu irmão me passou dois reais e disse pra entregá-lo, mas o cara não queria esmolas, ele não estava ali pedindo, achei que podia se sentir desrespeitado. O sinal abriu bem na hora que assobiei pra chamá-lo, fui andando pra frente com a janela do carro abaixada e estiquei a mão com o dinheiro: "Vai querer dois?", respondi que sim balançando a cabeça enquanto o carro atrás já começava a buzinar (gente insensível), rapidamente recebi a mercadoria e ele pegou o dinheiro. Deixei-o pra trás e segui o meu caminho. Meus irmãos nem perceberam a minha frustração.
O fato é que aquilo me tocou profundamente. Recentemente voltei de uma pequena temporada em Brasília, onde estava revendo no Sarah a questão da minha bexiga neurogênica, que ainda incomoda bastante. E nos últimos dias lá, já andava meio desanimado. Nada demais, só algumas flutuações de humor que tenho de vez em quando. Mais que normal, já que às vezes sinto que o fardo ficou muito pesado de carregar, a lesão medular não dá trégua e o impacto na minha qualidade de vida é constante. Daí, uma hora a bateria acaba e tenho uma crise de "quero a minha vida de volta". Voltei de Brasília ainda meio desanimado, horas mais tranquilo, horas mais pra baixo. Até que na última segunda feira, desabei. Minha mãe entrou no meu quarto chamando pra jantar e me encontrou chorando no banheiro, coisa que eu já não fazia há muito tempo. "Tá chorando por quê, meu filho?", só consegui dizer: "Tô cansado!". Ela ficou ali perto e depois me deixou sozinho, aí me recompus e fui jantar, achando a minha vida uma merda.
Voltando ao fato. Ontem, aquele sentimento de insatisfação já tinha passado, eu estava muito tranquilo. Quando deixei o sinal pra trás enquanto dirigia, senti muita pena do rapaz (coisa que não acho legal) e fiquei com raiva da minha ingratidão. Como eu posso ser assim tão mal agradecido com a vida? Eu tenho uma lesão medular sim, minha qualidade de vida já foi melhor sim, mas por que reclamar tanto? Muitas vezes ao longo desses seis anos já tentaram me consolar comparando a minha situação com a de pessoas que estavam numa ainda pior e, sinceramente, acho um argumento muito fraco. Por que eu deveria me dar por satisfeito só porque tem alguém pior? Isso é uma inversão de valores. Eu quero mais.
Mas a questão aqui não é essa, o fato é que eu mesmo já estive muito pior e ninguém sabe disso melhor que EU, é só olhar pra trás. Além do mais, eu tenho uma família sensacional que me dá todo o suporte, não posso reclamar das circunstâncias da vida. Podia acontecer com qualquer um, aconteceu comigo.
Isso também não quer dizer que eu deixei de querer melhorar, pelo contrário, só que tenho que aprender a conviver com o hoje e é o que venho fazendo. Jantei com a família e aqueles pensamentos me voltaram várias vezes ao longo da noite, mas eu estava bem. Momentos ruins ainda virão, outras crises surgirão e eu vou ter que sair do buraco de novo. Fazer o quê? Shit happens, my friend! Reflexões religiosas à parte, a vida é mais dura agora, mais ainda há muito pra se aproveitar. No mais... é rodas pra que te quero!

Sebastian. O elo com o Divino.

em 29 de agosto de 2012


Já era quase meio dia quando eu chegava em casa. Parei o carro na frente do portão da garagem, que está quebrado, e liguei pra que alguém viesse abri-lo pra mim. Meu pai atendeu e se prontificou. Dois homens esperavam que alguém viesse atendê-los junto a uma moto na entrada de casa. O mais velho me viu e perguntou: "Você é o dono de Sebastian? Foi você que eu vi ontem passeando com ele?".
"Não, é o meu irmão. Vou tentar falar com ele."- respondi me referindo ao meu irmão Leonardo, que é o "pai" de Sebastian.. Ele olhou pra dentro do carro e perguntou: "Isso aí do seu lado é uma cadeira? É pra você?". Respondi que sim, que era cadeirante. Nessa hora meu pai abriu o portão e cumprimentou o rapaz, já sabia que ele estava ali pra ver o cachorro e meu irmão Guilherme, que passeava com Sebastian ontem, já vinha saindo pra mostrá-lo ao rapaz.
Entrei com o carro, montei a cadeira e fui lá ver do que se tratava. Entre elogios a Sebastian, ele apresentou-se e ao filho, que adora cachorros. Olhou pra mim e perguntou: "Quantos anos você tem?". Respondi que tinha 30 anos. Pausa dramática... "Você crê que Nosso Senhor Jesus Cristo pode te levantar daí?". Pronto, minha experiência já me dizia onde aquela conversa ia parar.
Nesse momento meu pai, católico praticante, tomou a frente: "Não, ele é ateu!" * - enquanto eu só tive tempo de balançar a cabeça em negativo. Pensei na mesma hora: "Agora fodeu!". Sofri um olhar que era um misto de pena e reprovação, achei engraçado e comecei a ouvir o testemunho. Ele e o filho são adventistas do sétimo dia, dizia-me que fora curado de AIDS, contraída quando teve relações sexuais com trinta e duas mulheres sem camisinha no prazo de um ano, mas no total tinham sido mais de duzentas, no que ele chamava de vida pregressa. Nessa hora quase parei a conversa e pedi um autógrafo, mas me contive.
Pensa que acabou por aí? Ele também foi curado de um câncer no reto, época em que defecava pus e fezes. Pra provar que falava a verdade retirou da mochila que o filho carregava uma garrafinha de água e dois rolos de papel higiênico, aquilo servia pra que ele se limpasse a toda hora, porque ele defecava sem controle. Exibiu as provas, como se aquilo provasse alguma coisa. Mas uma dúvida me corroía: "Se ele já estava curado, por quê andar com aquilo na mochila?" Pela segunda vez me contive.
 Mas os milagres não acabavam: "Tentaram me matar sete vezes. Em uma delas o rapaz me disse: 'Eu cheirei duas tiras de cocaína pra matar você, mas não sei por quê eu não matei'". Agora a bagaça ficou séria, como eu podia contestar uma coisa dessas? Por dentro eu achava engraçado, mas sabia que não adiantava argumentar com esse tipo de pensamento. Meu irmão, também cético, já tinha saído no começo da conversa e perdeu todo o testemunho. Meu pai, que acredita nesse tipo de sinais, ouvia atentamente. Chegou a contar pro rapaz um episódio que tinha acontecido comigo há quase três anos, quando saía do centro médico que tem aqui perto de casa com minha mãe; e que ele acredita também ter sido um sinal. Se você quiser, vale a pena dar uma lida aqui.
Enfim, o cara me deu um presente, um DVD com dez pregações de doze minutos cada e pediu que as ouvisse. "No primeiro - ele dizia -, Satanás vai querer lhe afastar e você vai sentir sono. Mas veja todos que você vai entender". Aceitei o presente de bom grado, conforme a educação que papai e mamãe me deram (que menino fofinho!), mas, sinceramente, vocês acham que eu vou assistir? Quem quiser é só dar um grito que eu envio uma cópia, o frete é grátis, só vou precisar de uma pequena contribuição em dinheiro para a obra da igreja (UAHAHAHAHA - esfregando as mãos com uma voz maléfica). Após várias investidas, me mantive irredutível, mas ele tentava me convencer de que tudo era um sinal, que Sebastian tinha sido o elo entre mim e ele, ou entre mim e o Senhor. "Será que meu irmão batizou Sebastian em homenagem a São Sebastião?".


"Santo cachorro, Batman." Diria o Robin
 Mais uma tentativa:
- Você não queria estar de pé? Agora passou ali uma cocota gostosa (cocota é ótimo hehehe), você não queria estar aí na cocotagem?
- E quem disse que só por causa da cadeira de rodas eu não estou?
Ele fez uma pausa pra reflexão e disse:
- Agora eu vou ser grosso com você, mas grosso no sentido de sincero. Vou agredir você, agredir com a palavra. É o chicote da palavra (adorei a expressão): Não seja hipócrita, você não queria estar de pé?
- Queria, mas tive que aprender a conviver com a realidade que eu tenho hoje. Não sou hipócrita, mas a vida que eu tenho hoje é essa e a gente tem que aprender a conviver - respondi com toda essa calma que Deus me deu, com o perdão da ironia.
Esse foi o único momento que ele foi um pouco indelicado, talvez porque eu me mantive irredutível e tinha argumentos pra contrariar tudo o que ele falava. Mas a essa hora eu já achava tudo engraçado.
Pra que não fique nenhum mal entendido, não quero desrespeitar a crença de ninguém. Respeito a de todos e acho que todos devem respeitar a minha, ou a falta dela. É desnecessário querer impor a verdade em que se acredita. Sei também que é da doutrina de algumas igrejas que os seus fiéis "espalhem a palavra" e convertam tantos quanto forem possíveis à palavra do Senhor, portanto vejo esse tipo de atitude como boas intenções. O rapaz, do qual não me lembro o nome e, se lembrasse, também não iria expor, não se colocou como agente da cura, insistiu que eu posso me curar pela mão de Deus. Foi muito gentil e disse que ia orar por mim, ao que agradeci prontamente. Me disse que ficasse com Ele e se despediu. Na hora do almoço eu pedi a meu pai que não alimentasse este tipo de coisa quando acontecesse de novo. "O que eu ia fazer? Ser grosseiro com o rapaz?". "Não, como eu disse: só não alimente".
Sebastian, me desculpe se tirei o foco da atenção de cima de você, mas sabe como é... A gente tem que encarar as coisas com bom-humor, é isso que eu faço.



"Que a Força esteja com você!"


* Só pra constar, não me considero ateu, na verdade não tenho uma opinião formada a respeito, mas me declaro um agnóstico convicto.

Beijo nas crianças. Aquele abraço.

Mais uma experiência com células tronco

em 16 de agosto de 2011

Experiências feitas com cães que sofreram lesões na medula têm obtido bons resultados na USP.


FMVZ usa células-tronco para tratar lesão de coluna em cães


O lhasa apso Bond voltou a abanar o rabo, o que não fazia antes da cirurgia
Duas teses em andamento na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP utilizam injeções de células-tronco em cães com lesões crônicas de coluna lombar e com restrições de movimento. A iniciativa, aliada fisioterapia pós-operatório, já apresenta resultados promissores: alguns dos animais que receberam injeções de células-tronco voltaram a apresentar movimentos.
As pesquisas  são realizadas pelos médicos veterinários Carlos Alberto Palmeira Sarmento e Matheus Levi Tajra Feitosa junto ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Terapia Celular (INCTC) com colaboração do Hemocentro de Ribeirão Preto. Carlos Sarmento trabalha com células-tronco extraídas de medula óssea fetal canina proveniente de campanhas de castração. Já Matheus Feitosa utiliza células-tronco obtidas da polpa de dente de leite de crianças.
“Analiso os resultados do meu trabalho com bastante otimismo, apesar de saber que é necessário um trabalho de fisioterapia contínuo. Mas acredito que com esta e outras pesquisas, os estudos envolvendo células-tronco possam apresentar resultados cada vez melhores”, aponta Carlos Sarmento, que é bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes). A pesquisa é orientada pela professora Maria Angélica Miglino, da FMVZ, e deve ser defendida em 2012.

Veja abaixo o vídeo produzido pela Agência USP de Notícias / Mídias Online


Já Matheus Feitosa pondera que “Apesar de promissores, os resultados são fruto de pesquisas em animais e até se chegar a terapias válidas para seres humanos, ainda teremos um longo caminho pela frente. Por isso, não podem ser encarados como uma possível cura para humanos com lesões medulares”, ressalta, lembrando da importância da realização de outras pesquisas na área. Feitosa é bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O professor Carlos Eduardo Ambrósio, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, é o orientador da pesquisa, que tem defesa prevista para o final de 2011.
Os dois pesquisadores realizaram os testes em cães considerados “desenganados” pela medicina veterinária: com lesões crônicas de coluna há anos ou vários meses e que têm graves dificuldades motoras, como perda severa de sensibilidade nas patas traseiras, e que já realizaram cirurgia para corrigir a lesão, sem resultados satisfatórios, ou que estavam passando por tratamentos alternativos como acupuntura e fisioterapia sem apresentar melhora no quadro clínico.
Um dos diferenciais do projeto, de acordo com os pesquisadores, é que a solução de células-tronco é injetada tanto no local exato da lesão da coluna lombar como também um pouco antes e um pouco depois do lugar lesionado. Um exame de ressonância magnética  fornece um diagnóstico preciso do local exato da lesão. Após a cirurgia, os animais continuam fazendo fisioterapia cerca de três vezes por semana em sessões de aproximadamente 1h30, durante três meses, com a finalidade de estimular a musculatura, que estava atrofiada. Este trabalho de fisioterapia veterinária é realizada na clínica da doutora Helena Sakata.


Após a cirurgia, o animal deve fazer, no mínimo, 3 meses de fisioterapia para estimular a musculatura

Resultados

Carlos Sarmento já realizou a cirurgia de aplicação de células-tronco em 3 cães ao longo do mês de abril: no dia 11, no daschund Fred, que tem atrofia e contratura muscular; no dia 12, no daschund Bola, que apresenta somente atrofia, e, no dia 25, no lhasa apso Bond, que apresenta somente atrofia muscular. “As lesões desses três animais são idênticas, mas o comprometimento muscular é distinto”, esclarece.
O cão Bond mostrou os resultados mais satisfatórios até agora: tenta levantar as patas traseiras, voltou a abanar o rabo (o que não fazia antes da aplicação com células-tronco), consegue apoiar as duas patas traseiras na esteira aquática e “anda” dentro d’água, sem nenhum apoio. Os pesquisadores utilizaram uma escala comportamental para avaliar a locomoção dos animais (escala de Olby et al) que varia de 0 (nenhum movimento) a 14 (movimento normal). “Sobre o Bond, pode ser dito que saiu de um escore 3 para um 5. Ele dá passos com o membro direito e começa a usar as articulações do membro esquerdo, que não utilizava antes da cirurgia”, informa Sarmento.
O cão Fred não apresentou nenhuma melhora após a intervenção. “Como o quadro deste cão era mais grave antes da cirurgia de aplicação de células-tronco, será necessário investir mais em fisioterapia, para diminuir a contratura e aumentar a amplitude do movimento”, diz o veterinário. Já o cão Bola também não apresenta uma boa resposta ao tratamento. Segundo o veterinário, há ainda dois cães recrutados e que  receberão as injeções com células-tronco.


Bond consegue apoiar as duas patas traseiras na esteira aquática e “anda” dentro d'água, sem nenhum apoio

Matheus Feitosa já tem três cães selecionados. A cirurgia de aplicação de células-tronco foi feita em um deles, o lhasa apso Juquinha, em 9 de dezembro de 2010. Antes da intervenção, o animal apresentava movimento de poucas articulações, mas não conseguia suportar o próprio peso sozinho e andava arrastando as patas traseiras. “Este cão se encontrava no número 4 da escala. Com 30 dias após a cirurgia, ele passou a apoiar as duas patas sozinho e já consegue andar na esteira aquática sem nenhum apoio. Ele foi do grau 4 para o 8, e chegou até o 10”, descreve Feitosa. “Operamos outro cão, o daschund Billy no último dia 7 de junho e ele vai iniciar a fisioterapia nos próximos dias. No entanto, como apresenta obesidade mórbida, tem um prognóstico mais reservado. O escore dele está entre 1 e 2”, completa.

Seleção

Os cães foram selecionados em uma clínica de fisioterapia animal na grande São Paulo. Os proprietários passaram por uma entrevista, onde os pesquisadores apontaram os riscos do estudo. Os animais cujos donos aceitaram participar do projeto realizaram uma série de exames pré-operatórios no Hospital Veterinário de Cães e Gatos, em Osasco, na Grande São Paulo.
Os cães aprovados nos testes foram encaminhados para o exame de ressonância magnética. A quarta etapa foi a própria cirurgia. Por fim, os animais passam novamente por outro exame de ressonância magnética a fim de mostrar se houve regeneração do local onde as injeções foram aplicadas.


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